quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Casos de Polícia: Violência Gratuíta em Grândola

É verdade, a "brutalidade policial" já chegou à terrinha. Isto que estão prestes a ler foi baseado em acontecimentos verídicos. Por isso ponham-se a pau, qualquer dia pode calhar a vocês!


PREFÁCIO:
Tudo aconteceu na noite de Sábado para Domingo, de 28 para 29 de Janeiro de 2006, o dia no qual nevou em todo o País menos aqui, em Grândola. E passou-se logo na própria rua onde eu moro, rua 25 de Abril (does this ring a bell?), facto que só o torna mais caricato. Nessa noite houve uma jantarada do KDJ (Klube das Jantaradas) como já é costume todos os meses. Na mesma altura o glorioso defrontava o Sporting. De qualquer maneira o vinho era mesmo muito bom e deslizava pelas goelas como se de água se tratasse. O jogo acabou com a derrota do glorioso em casa. Alguns estavam contentes e bebiam para celebrar, outros estavam descontentes e bebiam para esquecer. Eu sem estar particularmente feliz, nem especialmente infeliz só queria mesmo era beber. Copo atrás de copo, devo ter bebido pelo menos metade de um jarro de 2 litros sem exageros. O jantar acabou e depois de pagarmos a conta fomos para os bares, como manda o regulamento de praxe. Como ainda não estava (muito) bêbado, cheguei aos bares e repeti a minha rotina de beber umas médias com os amigos do costume. Bebemos e conversámos até o bar encerrar e sermos expulsos pelo dono. Nesta altura, amigos, já eu estava muito mais para lá do que para cá. Pura e simplesmente já tinha "apagado", este já não era o meu mundo. Eu ainda estava acordado mas vivia agora no mundo dos sonhos, aquele em que somos sempre o herói e os outros os maus da fita. Dado o meu lastimoso estado, é natural que a minha percepção da realidade se tenha alterado, sendo que o que eu via não era o que eu imaginava, ou vice-versa.


NA RUA DA LIBERDADE:
Ao encontrarmo-nos na rua, dirigimo-nos para o local onde o meu amigo tinha estacionado o carro, um quarteirão abaixo da minha porta de casa. Continuámos a falar debaixo das luzes apesar da noite escura e fria. Até que vindo sabe-se lá de onde, surge um OVNI verde (com luzes e tudo) e aterra no velho largo onde eu costumava brincar. Dele saíram meia dúzia de homenzinhos verdes, verdes não, perdão. Eram cinzentos escuros. Ora deixem-me só interromper a minha fantástica história para uma breve explicação. A diferença entre este tipo de extraterrestres, perdão... de GNR de pelagem cinzenta, denominado 'Corpo de Intervenção Rápida' da GNR standard é, para além da côr, claro, o facto dos cinzentões deixarem as armas de fogo em casa e trazerem bastões maiores para compensar. Estes tipos são muito mais ferozes, irritam-se com qualquer coisinha e são obcecados pelo nível de ruído, apesar de baterem como mulheres (de mão aberta). Apenas um à parte: pode-se saber muito acerca de uma força estudando o seu uniforme. A PSP por exemplo veste azul. Porquê? Porque actuam em zonas urbanas e são de Segurança, certo? Daí que só actuem quando existe segurança, nomeadamente quando o céu está limpo (azul) e não está de chuva, assim esta é a camuflagem perfeita nestas condições. Também actuam quando a sua presença não é necessária, tal como todos os outros, por exemplo para passar multas de estacionamento. A GNR standard traja verde, porque ao contrário da Polícia, estes são militares e actuam principalmente em zonas rurais onde existem muitas coisas verdes (ervas, pastos, arbustos, árvores, etc.) Se não estão convencidos, olhem para o resto do seu equipamento: cavalos, motas e jipes todo-o-terreno. O verde é a sua camuflagem quando se escondem por detrás das ramas e fiscalizam desnecessáriamente o pessoal que consome cannabis nos bancos do jardim. Agora os cinzentos são ainda mais manhosos... Eles actuam tanto em grandes urbanizações como em pequenas vilas rurais, mas só e apenas à NOITE. E aí é que está, à noite todos os gatos são pretos (ou cinzento-escuro). O esconderijo deles são as sombras e daí o seu uniforme escuro. Querem ver? Eles são de Intervenção Rápida, não é? Yah, isso quer dizer que actuam mais depressa que os outros, são mais rápidos? Isso é meio verdade. Eles actuam mais depressa porque não pensam, poupam esse tempo e desferem logo o golpe. Poucas palavras e muita acção é o lema deles. Mas isso não quer dizer que sejam mais rápidos a deslocar-se, não senhor. Eles deslocam-se à mesma velocidade do que os outros, só que possuem um grande poder de 'stealth'. Nós dizemos: "Eia, estes gajos já cá estão?! São mesmo rápidos a chegar, fónix!" Mas eles já lá estavam desde o início. Estavam camuflados na penumbra à espera de uma oportunidade para atacar. Isto é que é de uma manhosice tremenda! Enfim, continuando com a triste história...


DE VOLTA AO 'SPOT':
Como havia pessoal que estava a consumir substâncias ilícitas naquele momento, nos bancos do largo a uns 5 metros de nós, os alienígenas não perderam tempo. Dirigiram-se até eles de imediato e no seu próprio dialecto exigiram-lhes que apagassem o "charuto" porque os gases que emitia estavam a prejudicar gravemente a sua saúde e o bem estar do seu planeta natal ou então......Ou então que partilhassem o dito cujo com eles de forma a que eles podessem ganhar alguns anti-corpos e resistência ao efeito químico dos fumos. Face às exigências os rapazes não conseguiram resistir-lhes e foram obrigados a partilhar a 'ganza' com eles. Não ficando satisfeito com o material, um dos alienígenas abandonou os outros e dirigindo-se em nossa direcção e totalmente obcecado com o nível de ruído que na altura até não era alto manifestou a sua clara vontade para que o nível de ruído se mantivesse baixo. Como os alienígenas não arrendavam pé da minha vizinhança foi nesta altura que tive a 'genial' idéia de mandar um peido, a ver se os meus gases afastariam os alienígenas para fora da minha rua. Fui para o meio da rua e apontei as nalgas aos extraterrestres mas o peido não saía, estava contido. E foi nessa altura que murmurei as tristes palavras: "- Queria mandar um peido, mas não consigo!" Um dos extraterrestres ao ouvir isto e ao ver a minha delicada posição deve-lhe ter cheirado a merda, porque correu na minha direcção a resmungar: "O que é que disseste?! Mandavas um peido a quem?" Olhei por cima do ombro e vi a cara irritada daquele ser, puchei logo as calças para cima pensado que ele me queria violar e num salto afastei-me 1 metro dele dizendo: "Por favor mantenha a sua distância de segurança!" Acho que ele não gostou muito destas palavras porque foi a partir deste momento que as coisas ficaram feias. Ele agarrou-me brutamente pelos colarinhos e encostou-me à parede. "Isso não é uma coisa muito bonita de se fazer. Esse sangue quente vai-te fazer mal à saúde deficiente." - Reparem como a língua portuguesa é traiçoeira, não existe vírgula antes de deficiente, logo eu referia-me de facto à saúde do extraterrestre e não ao próprio. Mas ele não percebeu assim e começou a grunhir insultos no seu arcaico dialecto enquanto me apertava contra a parede. Eu já nem ouvia o que ele dizia, pensei que me ia beijar e chupar-me os miolos. Aquilo para mim tratava-se de um sonho, um pesadelo do qual eu não era capaz de acordar. Os meus amigos assistiam a tudo incrédulos. Tentaram dialogar com os malignos seres do espaço e demovê-los das suas terríveis idéias. Eu próprio estava a tentar fazê-lo, mas sem qualquer resultado. Cada palavra que saia da minha boca era como mais uma acha na fogueira. Entretanto chegou mais um alienígena que usando dialecto próprio convenceu o colega a deixar o meu delibitado cérebro em paz. O tipo largou-me e eu recompus-me (mal), endireitei os colarinhos e sacudi o casaco. "Até que enfim que alguém te mete juízo na cabeça." - Desabafei. Não podia ter feito pior, o sangue voltou-lhe a ferver e pega em mim outra vez, desta vez encostando-me ao carro do meu amigo. "Oh boa, cá vamos nós outra vez..." - atirei para o ar.


DE VOLTA AO CAMPO DE BATALHA:
"Calma, calma! Ele está muito mal, não sabe o que diz!" - Interviu o dono do carro, tentando livrar-me dos monstros mais uma vez. O colega do extraterreste lá o conseguiu demover mais uma vez. Ele largou-me e nesta altura eu já estava a começar a perder a paciência quando o outro extraterreste se chega ao pé de mim e me dá uma estalada ameaçando-me com a sua força. Aí é que foi a gota de água. Podem-me agarrar, encostar-me à parede e tentar-me beijar mas baterem-me como se eu fosse uma puta??!! Isso é que não! Existe uma marca que não se pode atravessar e essa marca tinha acabado de ser transposta. Para mim o que era óbvio tornou-se ainda mais claro, aqueles não eram agentes da GNR. Eram extraterrestres, iguais aos tipos que encontramos no bar e que estão sempre prontos para armar confusão, mas com uma particularidade. Estes tipos têm a protecção de um uniforme. Um uniforme cinzento-escuro que lhes dá o direito de abusar da sua condição. Agem sem pensar, como se estivessem embriegados, foi assim que foram treinados. Costuma-se dizer que quem usa a violência perde automaticamente a razão, mas eles não. A lei 'justa', dá-lhes sempre a razão, afinal eles é que são a autoridade. A história até não acabou mal, não ouve lesões, nem marcas, nem traumas psicológicos. No final um dos alienígenas, provavelmente o único com um pingo de decência, vira-se para o meu amigo e faz-lhe somente um ultimato: "Ele é teu amigo? Então, leva-o para casa antes que haja problemas!" Em casa já eu estava praticamente, eles é que estavam no sítio errado à hora certa e nós no sítio certo à hora errada. Só queria saber quem é que manda estes tipos cá para a minha rua? Lembrem-se que a liberdade não é um bem, mas parece que há quem não entenda. A liberdade não se compra, não se vende e não se arrenda!


ATENÇÃO: O principal objectivo deste texto é ser cómico. Devido ao mencionado estado do locutor e personagem desta história, é possível que existam factos incoerentes e/ou (propositamente) errados. Até porque na manhã seguinte acordei com uma enorme amnésia, tendo-me por isso baseado para esta história em vagas recordações e nos depoimentos dos meus amigos que assitiram. Espero que se tenham divertido e que não tenham ficado (muito) chocados. Se ficaram voltem a ler, mas desta vez riam-se das piadas à vontade.


PS: There are four kinds of people in the world: dicks, pussies, assholes and Beato e Cavaco (two damn fuckups). Oh, fuck! You can't type the word «cavaco» on the internet. This computer will self-destruct in 5, 4, 3, 2, 1...